sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Citações imaginárias

"-Nós somos um povo de machados e cavalos.
Pois para o tempo de paz, trabalhar e fazer prosperar o mundo.
Para que em tempo de guerra, o guerreiro seja veloz
e o golpe impetuoso.
Nós somos o povo destes vales e colinas.
E vivemos em paz, mesmo em tempo de luta.
Então pergunto:
Qual a sua demanda aqui na terra de meus ancestrais?"

(Chefe Dennar Barbafalha, efetuando as perguntas rituais para o jovem futuro Grande Rei)

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

tive de ctrlCctrlVar isso...


"A lembrança dessa terra imaculada está na memória das pedras, das águas e do sangue que corre nas veias de cada morador deste continente."
http://hernehunter.blogspot.com/

terça-feira, fevereiro 23, 2010

Eu estou nesse momento me seguindo... espero não parar de repente e acabar esbarrando em mim mesmo!
Novamente...

Necessidade desejo....



Há necessidade de comunidade.
Sou ermitão nesse mundo denso, populoso e tenso. Navego superficialmente à sombra de minha, já rasa, popularidade. Chamo as forças do mundo para a dança. E apenas elas aparecem. Não faço nada e ainda assim me cansa. Quem me dera matar a saudade numa investida mútua de minhas companhias. Homens e mulheres dispostos a dançar como o vento e receber suas bênçãos. Homens e mulheres felizes em cantar à sombra das árvores e receber suas bênçãos. Homens e mulheres tendenciosos a amar e receberem suas bênçãos.
Desejo tocar o tambor e escutar suas palmas.
Desejo soltar a voz e sentir o uníssono.
Desejo dar um passo, e vibrar com a força do passo da pluralidade.
Desejo muito. Grito ao poço...
Há necessidade de comunidade.

23/02/10
Sê bem vindo a dança...

sábado, fevereiro 20, 2010

Só sei que foi assim...

Depois do nascer do sol um sonho me veio.
Cenas de bordas enevoadas.
Andei só numa terra silenciosa.
Passei sem trégua pelo portão pequeno
Passei sem hesitar pelo portão forte
Subi a escada espiral como se reta fosse.
Parei, sereno, ante o terceiro portão.
Bati, gentil o suficiente, à porta.
Não havia porteiro a me perguntar quem era.
E você abriu sem perguntar.
Eu era um intruso no tempo e no espaço.
E você, anfitriã, falsamente surpresa.
O refúgio da sacerdotisa estava cheio.
Poderia reconhecer cada um pelo nome.
Era um festim de carne, cerveja, vinho e cereais.
Eu, intruso, não entrei.
Fiquei, portanto, à soleira, na mira de todos.
Ofereceu-me comida.
Ofereceu-me bebida.
Aceitei.
Mas só depois de minha tarefa.
E assim foi.
Você veio e os outros ficaram.
O terceiro portão se fecha e fico de fora.
Só, contigo.
Trocando palavras, me desculpo.
Trocando gestos, assumo.
Eu, pequeno, sou segurado pelos ombros.
Faz-me segurar teus seios e dizer palavras
De poder.
Talvez juras, talvez revelações, talvez confissões.
E sem inimigo eu saio.
Não sei se voltei ou entrei a terceira porta.
Só sei que o sonho que tive foi esse.
Cumprido o objetivo,
Tudo se desfaz em névoa e brisa.
Acordo.

19/02/10

Bruno Oliveira - MestreDeGuerraPagã

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Encontronimimesmo...

Vívido,
Sonhei com o touro da floresta.
Negro como a
Sombra da montanha do desespero,
Elevava seu estandarte místico.
Como a lua que nos sorri, de prata amolada,
Os chifres se estendem alto
Tal qual aquela foice.
E Ele me esperava.
Um ser de pura potencialidade. Pura e latente
Possibilidade.
Ritualmente pintado, bufa.
Tremo em meus joelhos escoriados.
E permaneço.
Há sangue em minhas pernas
E secura em minha boca.
Palavras se amedrontam
E desaparecem de minha voz.
De cascos pesados, Bufa.
Minha lança perdida não me serve.
Minha flauta partida não me serve.
Meu punhal maligno
não me serve.
Só eu, pintado por meus irmãos mortos.
Urro, em puro deleite, a canção da morte.
De pé, fitando-lhe os olhos,
Bufo.

Bruno Oliveira – 15/02/2010

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Eu sou terra
Do barro
panela

Eu sou água
Do caldo
sabor

Eu sou fogo
Na brasa
da lenha

Eu sou ar
No aroma
vapor
(2008)

domingo, fevereiro 07, 2010

Entre colunas...

Atravesso a ponte para o culto no templo. Ignorado por um sem números de cisnes, chega-se à ilha sagrada (Para mim ao menos.). E o sol, que invicto já me saudara antes, agora é saudado. Por colunas amigas e gentes nunca vistas, caminho, paro e descarrego meus fardos. Fardos de arte e guerra. De pulso firme e dedos delicados. Sacerdotes, Deusas, curiosos, perdidos, achados e desencontrados vão se acumulando na fugaz sobra de sombra. “Festa estranha, com gente esquisita”... Ainda bem.
A sabedoria de quem até mesmo não se sustenta na oratória nos chega com interesse. O Outro, aquele do outro lado, tem a vez de falar, e nós, do lado de cá podemos finalmente escutar e entender. Tal templo onde misturamos pré com pós conceitos e tecemos nossas realidades ao pé da grande árvore, enraizada no pulso teimoso da mãe de Gaia, é a casa das intrigas. Das erupções dos jovens à desistência dos velhos faz-se o corpo de tal bando. A casa desse Deus é o caos. Meu Deus, ainda bem.
Não há tempo de fuga. À luta! Quê luta?
Não escape, escute as palavras não ditas. Eis o que é novidade. Até mesmo o visco derrota a alvorada caso a confiança supere a habilidade. Ai, nesse instante, a turba eclética, torna-se um povo. Pagãos na pequena ilha. Antigas serpentes.
De gente boba e de gente sábia é composto este ninho vibroso. Santos e seus deuses únicos tentam expulsar-nos. Mas quem varre terra, cava mais fundo e acha cada vez mais terra. Da raiz exposta brotam-se ramos.
O caminho de muitos culminou no centro da ardilosa colcha, filtro de nossos sonhos, da tecelã habilidosa, nossa maleável realidade.
E com o fim do dia, a ponte nos espera pela volta. Atravessamos a ponte despedindo-nos uns dos outros. E há a oportunidade de novos encontros e cultos nos templos do corpo alheio. Encontros inevitáveis acontecem. Obviedades ocorrem entre desejos redescobertos. Mentes embriagadas descansam, se afastam, deixam as coxas sedentas de um deus atuar. Ah meu deus... ainda bem?
Ainda não tenho resposta.

Imramma

Na virada da nona noite avisto uma ilha
Suspensa por três pilares
guardada por cento e oito gatos
dispostos em volta de um caldeirão
Quando um gato mergulha no caldeirão
Nasce um cisne da água cinzenta
Quando um cisne mergulha no caldeirão
A égua dá cria no fundo do oceano
E o tridente alcança o céu
O céu que cai de arqueadas pernas
Montando no mar.
Friccionando terra e céu.
Criando outra ilha.