domingo, fevereiro 07, 2010

Entre colunas...

Atravesso a ponte para o culto no templo. Ignorado por um sem números de cisnes, chega-se à ilha sagrada (Para mim ao menos.). E o sol, que invicto já me saudara antes, agora é saudado. Por colunas amigas e gentes nunca vistas, caminho, paro e descarrego meus fardos. Fardos de arte e guerra. De pulso firme e dedos delicados. Sacerdotes, Deusas, curiosos, perdidos, achados e desencontrados vão se acumulando na fugaz sobra de sombra. “Festa estranha, com gente esquisita”... Ainda bem.
A sabedoria de quem até mesmo não se sustenta na oratória nos chega com interesse. O Outro, aquele do outro lado, tem a vez de falar, e nós, do lado de cá podemos finalmente escutar e entender. Tal templo onde misturamos pré com pós conceitos e tecemos nossas realidades ao pé da grande árvore, enraizada no pulso teimoso da mãe de Gaia, é a casa das intrigas. Das erupções dos jovens à desistência dos velhos faz-se o corpo de tal bando. A casa desse Deus é o caos. Meu Deus, ainda bem.
Não há tempo de fuga. À luta! Quê luta?
Não escape, escute as palavras não ditas. Eis o que é novidade. Até mesmo o visco derrota a alvorada caso a confiança supere a habilidade. Ai, nesse instante, a turba eclética, torna-se um povo. Pagãos na pequena ilha. Antigas serpentes.
De gente boba e de gente sábia é composto este ninho vibroso. Santos e seus deuses únicos tentam expulsar-nos. Mas quem varre terra, cava mais fundo e acha cada vez mais terra. Da raiz exposta brotam-se ramos.
O caminho de muitos culminou no centro da ardilosa colcha, filtro de nossos sonhos, da tecelã habilidosa, nossa maleável realidade.
E com o fim do dia, a ponte nos espera pela volta. Atravessamos a ponte despedindo-nos uns dos outros. E há a oportunidade de novos encontros e cultos nos templos do corpo alheio. Encontros inevitáveis acontecem. Obviedades ocorrem entre desejos redescobertos. Mentes embriagadas descansam, se afastam, deixam as coxas sedentas de um deus atuar. Ah meu deus... ainda bem?
Ainda não tenho resposta.

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